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17/02/2010

Vertigens

Vertigens




Foi uma manhã, hesitei em abrir os olhos diante do espelho. Não vês que ainda dormem? Melhor mantê-los lentamente imersos nas rendas delicadas do sonâmbulo desejo, que ainda absorviam tudo com suas bêbadas vertigens.

Como alguém ainda refém dos sonhos, na rotação magnética dos espasmos noturnos, entre as ranhaduras do chão árido que meus pés sentiam – procurei preservar minhas constelações de nuvens.

E, atraída pelo ruído da água caindo da torneira, percorri o limite desta inconstante e frágil existência, sentindo uma outra sonoridade em meu corpo, na fragilidade do que antes lento, se instalou de suspiros e prazer, soando na superfície ilógica-letal da minha pele, ao sabor do gosto de carícias, que ficam, nesta eclipse de poros; na textura do invisível, e como pretexto para me ver nua e real diante do espelho.

Talvez seja isso o prazer, esse meridiano inexplicável, onde um abismo se instala e lá a emoção permaneça, com o seu sabor de novidade, percorrendo lentamente o olhar já cansado de ser, e se recupere de outro ver, este ver que indizível tem gosto de infinito que dura um segundo, nada mais que um segundo de pura eternidade.





JU Gioli

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